Dólar ganha força antes da reunião do Fed; Acções de automóveis do Japão sobem com notícias sobre Honda-Nissan

O mercado financeiro global iniciou a semana sob expectativa em torno da última reunião do Federal Reserve (Fed) do ano, que poderá confirmar a redução das taxas de juro. Enquanto o dólar norte-americano atingiu novas máximas em relação às moedas da Austrália e Nova Zelândia, as ações das fabricantes japonesas de automóveis registaram ganhos impulsionados pelas notícias sobre uma potencial aliança entre a Honda e a Nissan.

Força do dólar e expectativa sobre o Fed

O dólar alcançou a sua máxima de dois anos face ao dólar neozelandês e de um ano em relação ao dólar australiano, numa reacção antecipada ao que os analistas esperam ser uma postura cautelosa do Federal Reserve em relação aos cortes de taxas em 2025. Os investidores aguardam com grande expectativa a comunicação do Fed, que poderá definir o ritmo das taxas de juro para o próximo ano.

Os mercados estão quase certos de que o Fed irá reduzir a faixa das taxas de juro em 25 pontos-base, posicionando-a entre 4,5% e 4,75%, mas a atenção centra-se nas projeções de longo prazo. Segundo David Doyle, economista-chefe da Macquarie, a reacção do mercado dependerá da orientação do Fed para novos cortes. Na última actualização de Setembro, o banco central norte-americano projectava uma taxa neutra de longo prazo em 2,9%, mas as estimativas actuais do mercado apontam para um valor próximo de 3,8%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano têm acompanhado este cenário, com os títulos de referência a 10 anos a atingirem máximas de um mês, em torno de 4,4%, antes de estabilizarem em 4,39%. Estes movimentos evidenciam o fortalecimento do dólar face a outras moedas, com o dólar australiano a descer para 0,6313 dólares e o neozelandês a recuar para 0,5735 dólares.

Mercados Asiáticos e Ações de Automóveis

Na Ásia, os movimentos nos mercados accionistas foram discretos, enquanto os investidores aguardam não apenas a reunião do Fed, mas também as decisões dos bancos centrais do Japão, Grã-Bretanha, Noruega e Suécia, agendadas para quinta-feira.

No entanto, as ações do sector automóvel japonês destacaram-se positivamente, impulsionadas pelas notícias de que Honda e Nissan estão a negociar um aprofundamento dos seus laços, que poderá culminar numa aliança estratégica ou até numa fusão. O anúncio provocou uma subida expressiva nas ações das duas empresas, com os investidores a verem uma possível união como um reforço significativo para a competitividade global das montadoras japonesas face à Tesla e aos fabricantes chineses de veículos eléctricos.

A reunião do Federal Reserve será crucial para definir o tom dos mercados nas últimas semanas do ano, com foco nas perspectivas de taxas de juro em 2025. A força do dólar reflecte não apenas a confiança na economia norte-americana, mas também a aversão ao risco de outros mercados, especialmente no contexto de um cenário económico global mais incerto.

No Japão, o optimismo em torno das notícias sobre a Honda e a Nissan destaca uma tentativa do sector automóvel de se reorganizar para enfrentar os desafios do mercado global, marcado pela transição para veículos eléctricos e pela crescente concorrência de novos players.