Estabilidade Financeira em Moçambique: Riscos moderados, mas solidez bancária marca 2024

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No primeiro semestre de 2024, o sistema financeiro moçambicano demonstrou resiliência num cenário global e local de incertezas e vulnerabilidades. Segundo o Boletim de Estabilidade Financeira, a robustez do sector bancário, aliada à normalização da taxa MIMO e à redução das taxas de juro, sustentou a estabilidade, apesar do abrandamento no crescimento económico.

Solidez bancária em destaque

O sector bancário continua a ser a âncora da estabilidade financeira no País. Os rácios de solvabilidade global atingiram 26,33%, muito acima do mínimo regulamentar de 12%, enquanto a rentabilidade manteve-se forte, com os rácios de rendibilidade sobre activos (ROA) e capitais próprios (ROE) a fixarem-se em 4,52% e 18,75%, respectivamente. Os resultados líquidos cresceram 9,90%, reforçando a posição do sector. Contudo, o relatório aponta para uma preocupação: o rácio de crédito em incumprimento (NPL) diminuiu para 8,30%, mas ainda está longe do limite ideal de 5%, recomendado internacionalmente.

Concentração e dependência sistémica

Os Bancos de Importância Sistémica (D-SIBs) continuam a dominar o mercado, controlando 61,73% dos activos e 66,14% dos depósitos. Esta concentração, embora contribua para a estabilidade, também representa um risco estrutural, ao limitar a diversificação e aumentar a dependência de poucos actores.

Expansão no Mercado de Seguros e Valores Mobiliários

No sector de seguros, o volume de negócios cresceu 4,65%, reflexo da entrada de novos operadores e do aumento da procura. Por outro lado, o Mercado de Valores Mobiliários (MVM) permanece dominado por títulos públicos, que representam 85,21% da capitalização bolsista. Os fundos de pensões, embora com uma participação reduzida no sector bancário (1,38% dos depósitos), são actores relevantes no MVM, representando 29,52% dos títulos detidos.

Riscos emergentes e vulnerabilidades

O Boletim de Estabilidade Financeira, publicado , quinta-feira, 05/12, refere que, “apesar dos avanços, o sistema financeiro enfrenta desafios significativos”. E indica que,  entre os principais riscos estão os soberanos e de mercado, relacionados à concentração e à dependência de sectores específicos. “A crescente digitalização traz riscos cibernéticos, enquanto as mudanças climáticas continuam a apresentar impactos potenciais na economia e nos mercados financeiros”. Sublinha

De acordo com o relatório, o Banco de Moçambique, tem adoptado uma abordagem cautelosa, mantendo instrumentos macroprudenciais, como requisitos de capital adicional para os D-SIBs, e impondo limites rigorosos para rácios de empréstimo e rendimento.

Perspectivas e reformas necessárias

Especialistas destacam a necessidade de diversificação e inclusão de novos actores para garantir a resiliência do sistema. A melhoria da qualidade do crédito, a redução da concentração bancária e o fortalecimento de sectores como seguros e pensões são vistos como prioridades para o próximo semestre.

A solidez demonstrada pelo sistema financeiro é encorajadora, mas os desafios estruturais exigem reformas contínuas para assegurar a estabilidade e o crescimento sustentável.

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