Manifestações violentas, vandalismo e pilhagem: terceiro dia de caos em Moçambique

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A cidade da Matola foi um dos exemplos mais notáveis da onda de violência pós eleitoral que se vive em Moçambique, sendo um dos momentos mais tensos de sua história recente. Pelo terceiro dia consecutivo, manifestações violentas causam danos materiais, interrompem atividades econômicas e deixam a população em estado de alerta. O caos surge na esteira das eleições gerais de 9 de outubro, cujos resultados, validados pelo Conselho Constitucional (CC), declararam a vitória do candidato da Frelimo, Daniel Chapo. Estas manifestações refletem não apenas tensões políticas, mas também profundas consequências econômicas e sociais.

Crise em Matola: Uma cidade sob cerco 

Desde a validação dos resultados eleitorais, bairros como Tsalala, Malhampswene, Sikwama e Mussumbuluko, Matola-Rio, Compoane, entre outras localidades, tornaram-se epicentros de violência. Grandes centros comerciais foram saqueados e destruídos, levando ao colapso do comércio formal e informal. Jovens e mulheres, em busca de bens essenciais, protagonizaram os saques, deixando os mercados locais desabastecidos e os comerciantes em desespero.

Júlia Fumo, vendedora de hortícolas, expressou sua angústia: “Desde ontem, não se faz nada. Agora é que a fome vai apertar.” A paralisação do comércio é um golpe direto para trabalhadores que dependem dessas atividades diárias para sustentar suas famílias.

Hospitais em colapso: A Dimensão humana da crise 

Os hospitais centrais de Nampula e Maputo enfrentam situações críticas. Em Nampula, 21 mortos e mais de 116 feridos foram registados em decorrência das manifestações. O Director geral do Hospital Central de Nampula, Cachimo Molina, relatou a falta de sangue e os desafios de transporte de profissionais de saúde devido às barricadas.

Em Maputo, a situação não é menos alarmante. Com cerca de 900 pacientes internados, o Hospital Central enfrenta dificuldades no fornecimento de alimentação e na chegada de profissionais, que trabalham entre 48 e 72 horas seguidas para atender à demanda. A diretora clínica substituta, Eugênia Mozanha, destacou a necessidade urgente de medidas para garantir a segurança das rotas de acesso.

Impactos económicos: Um cenário desolador 

A instabilidade pós-eleitoral afecta directamente a economia de Moçambique. A paralisação do comércio em Matola, um importante centro económico, e em outros pontos do País, e os danos a estabelecimentos comerciais amplificam as dificuldades enfrentadas por pequenos e grandes empreendedores.

Ademais, o clima de insegurança prejudica a atracção de investimentos estrangeiros e coloca em risco setores cruciais, como o turismo, que relatou cancelamentos massivos de reservas durante o período festivo.

A crise pós-eleitoral em Moçambique evidencia não apenas um desafio político, mas também uma séria ameaça à estabilidade económica e social do País. É imperativo que as lideranças nacionais busquem soluções urgentes para conter a violência, restaurar a normalidade e garantir condições mínimas de subsistência para a população mais afetada. O futuro de Moçambique depende da capacidade de superar este momento de crise e reconstruir a confiança de seus cidadãos e investidores.

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