Moçambique não está a ter “um processo clássico de desenvolvimento

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– Afirma, o economista do Roberto Tibana, numa entrevista de fundo concedida ao “Semanário Economico”.

  • Moçambique não está a ter “um processo clássico

de desenvolvimento

  • Não negligenciar a necessidade de uma indústria que faça o fornecimento de coisas básicas”.

Questionado sobre que racionalidades é que podem ser aceitáveis para justificar uma mudança de paradigma no processo económico de Moçambique, conforme sugerido no último estudo do Banco Mundial “Actualidade Económica de Moçambique, recentemente tornado público, Roberto Tibana disse que “Moçambique precisa de forjar um novo paradigma de desenvolvimento, porque o modelo que tem vindo a ser seguido nos últimos 30 anos falhou”.

Disse Tibana que o modelo que vem sendo seguido “acabou por não resolver os problemas fundamentais que são os problemas da pobreza”, e aí ele concorda com o Banco Mundial tem razão, no entanto, observa que “a recomendação do Banco Mundial é um lugar comum”.

Percorrendo vários aspectos que flagelam a economia do País, Tibana, destacou que “agricultura ela própria entrou numa crise de produtividade e trauma” e lamentou que “de facto a indústria manufatureira tenha sido completamente relegada ao esquecimento”.

“Agricultura não teve as infraestruturas necessárias, não teve os serviços necessários para potenciar uma economia rural”. Frisou

Para o economista, Moçambique não está a ter “um processo clássico de desenvolvimento”, e o que o Banco Mundial afirma [mudança de paradigma de desenvolvimento da agricultura para os serviços] “é problemático”, e a instituição ainda não trouxe “o verdadeiro paradigma que vai contribuir para uma diversificação da economia moçambicana”

Sobre o sector de serviços proposto para ser o novo motor do crescimento económico e emprego, Tibana “a logística é uma dimensão extremamente importante”.

“Eles têm razão, mas tem que ver qual é a logística”. Anotou.

“Porque precisamos da logística para exportar o carvão, mas também precisamos da logística para dinamizar a produção”, acrescentou.

Roberto Tibana acredita no valor da logística na estruturação económica de Moçambique, mas faz questão de recordar que “a logística existe porque outros sectores existem, sem outros sectores de actividade que necessitam dessa logística, não há negócio para a logística”

Segundo afirma, “ninguém vai despromover os serviços do papel que têm no desenvolvimento da economia moçambicana”, mas recusa-se a aceitar a ideia de que este sector possa vir a assumir o papel actualmente atribuído, a agricultura, base de desenvolvimento, e a indústria, factor dinamizador.

Conforme analisa “as vantagens comparativas não são estáticas, são dinâmicas”, dando a entender que a retórica sobre as vantagens comparativas é insuficiente para inspirar a transformação económica de Moçambique.

“A China não começou de onde está agora”, exemplificou.

O economista defende que “a indústria de transformação dos produtos agrícolas para acrescentar valor é absolutamente necessária à indústria manufactureira”. Para ele é importante “não negligenciar a necessidade de uma indústria que faça o fornecimento de coisas básicas”.

Veja a entrevista na integra, clicando aqui