Petróleo Em Queda: Incerteza Sobre Sanções à Rússia e Possível Aumento da Produção da OPEC+ Pressionam os Preços

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O Brent desce para 64,33 dólares e o WTI recua para 60,08 dólares, num mercado dominado por dúvidas sobre o impacto real das sanções e pela expectativa de maior oferta a partir de Dezembro.

Questões-Chave:
  • O Brent recuou 0,11%, fixando-se em 64,33 dólares por barril, enquanto o WTI caiu 0,12%, para 60,08 dólares;
  • O declínio prolonga uma tendência de três dias consecutivos de perdas;
  • Os stocks de crude nos Estados Unidos caíram 4,02 milhões de barris, segundo o American Petroleum Institute;
  • As sanções impostas por Washington à Rosneft e à Lukoil não afastam dúvidas sobre a sua eficácia;
  • A OPEC+ pondera um aumento de produção de 137.000 barris por dia em Dezembro.

Os preços do petróleo voltaram a cair esta quarta-feira, 29 de Outubro, com os investidores a reagirem com ceticismo à eficácia das novas sanções norte-americanas à Rússia e à possibilidade de o grupo OPEC+ avançar com um aumento moderado de produção já em Dezembro. O Brent e o WTI prolongaram, assim, uma sequência de três sessões de quedas consecutivas.

Sanções à Rússia: Impacto Limitado nos Mercados

Na semana passada, o Presidente Donald Trump impôs sanções relacionadas com a guerra na Ucrânia, direccionadas contra as gigantes petrolíferas russas Lukoil e Rosneft, marcando a primeira acção deste tipo no seu segundo mandato.

Apesar da medida ter gerado um aumento pontual dos preços, o efeito dissipou-se rapidamente. O mercado entende que as sanções não reduzirão significativamente a oferta global, dado que a Rússia mantém exportações activas para mercados alternativos, sobretudo na Ásia.

O Kremlin respondeu assegurando que a Rússia continuará a fornecer “energia de qualidade a preços competitivos” e que “os parceiros decidirão por si próprios se pretendem continuar a comprar petróleo russo”.

Queda nos Inventários Norte-Americanos Sustenta Apenas Brevemente os Preços

Dados do American Petroleum Institute revelam uma redução de 4,02 milhões de barris de crude nos EUA, na semana terminada a 24 de Outubro. Também os stocks de gasolina e destilados registaram descidas de 6,35 milhões e 4,36 milhões de barris, respectivamente.

As quedas inesperadas nos inventários chegaram a provocar uma breve recuperação dos preços durante a última sessão, mas o movimento não se sustentou.

Segundo Priyanka Sachdeva, analista sénior da Phillip Nova, “os riscos relacionados com as sanções e a posição da OPEC+ estão a dominar o sentimento de mercado”. A especialista acrescenta, contudo, que “o rali tem um limite: a procura mantém-se fraca e existe capacidade excedentária suficiente para compensar eventuais choques de oferta”.

Nova Postura da OPEC+: Aumento Moderado em Dezembro

Fontes próximas das negociações indicaram à Reuters que a OPEC+ — que reúne as principais economias produtoras de petróleo do mundo — estuda um aumento de produção de cerca de 137.000 barris por dia a partir de Dezembro.

A medida visa evitar desequilíbrios no abastecimento global e garantir estabilidade de preços antes do inverno no hemisfério norte. Duas fontes do grupo afirmaram que “o objectivo é ajustar gradualmente a oferta, evitando choques que possam estimular a concorrência fora do bloco”.

Mercado Entre a Oferta e a Procura

Na semana anterior, tanto o Brent como o WTI registaram os maiores ganhos semanais desde Junho, impulsionados pelas sanções. No entanto, o actual ciclo de correcção reflete o predomínio da oferta e o arrefecimento da procura — cenário agravado pela desaceleração industrial na China e na Europa.

O CEO da Aramco, gigante estatal saudita, observou que “a procura global continua sólida, mas enfrenta ventos contrários, especialmente em mercados desenvolvidos onde a transição energética ganha ritmo”.

Tendência de Curto Prazo: Volatilidade e Pressão Descendente

Com as sanções a revelar impacto limitado e a OPEC+ a considerar ajustes na produção, o consenso entre analistas é que o mercado do petróleo continuará volátil, mas com viés descendente.

Nos contratos de futuros, os traders apontam para um intervalo de 60 a 66 dólares por barril no Brent, em linha com as previsões da Agência Internacional de Energia (AIE) e da EIA norte-americana, que antecipam um excedente global de oferta no último trimestre de 2025.

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