Produção de grafite em Moçambique para baterias de eléctricos regista forte queda
- O sector enfrenta desafios críticos com interrupções operacionais, protestos locais e a crescente concorrência da grafite sintética no mercado global, segundo informações avançadas pela agência Lusa.
A produção de grafite em Moçambique, essencial para a indústria de baterias de veículos eléctricos, caiu 55% nos primeiros nove meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, atingindo apenas 11% da meta anual estabelecida pelo Governo. De acordo com informações divulgadas pela agência Lusa, esta baixa produção é atribuída à paralisação de importantes operadores mineiros e à concorrência da grafite sintética no mercado internacional.
Cenário de produção e metas não cumpridas
Entre Janeiro e Setembro de 2024, Moçambique produziu apenas 34.899 toneladas de grafite, longe do objectivo anual de 329.040 toneladas. No mesmo período de 2023, a produção atingiu 77.728 toneladas. A paralisação das operações da GK Ancuabe Graphite Mine desde 2023 e os problemas operacionais da Twigg Mining and Exploration, subsidiária da australiana Syrah, foram apontados como os principais fatores para o desempenho em baixa.
Os desafios enfrentados incluem, ainda, o impacto do aumento da oferta de grafite sintética no mercado global, que reduziu a competitividade da grafite natural produzida em Moçambique.
Impacto dos protestos locais e instabilidade
A mineradora Syrah enfrenta contínuos protestos de agricultores no distrito de Balama, em Cabo Delgado, relacionados a queixas históricas de reassentamento de terras agrícolas. Estes protestos têm dificultado o acesso à mina, interrompendo as operações e atrasando o início da próxima campanha de produção.
Além disso, os protestos generalizados associados ao processo eleitoral de 9 de Outubro de 2024 complicaram ainda mais a capacidade do Governo em responder às acções ilegais em Balama, segundo a Syrah. A empresa anunciou que a mina poderá suspender temporariamente as operações devido a problemas de manutenção e gestão de inventário.
Perspectivas de recuperação e novos mercados
Apesar dos desafios, Moçambique registou avanços significativos em 2024, com a estreia da mina de Balama na exportação de grafite para um fabricante indonésio de baterias, marcando a primeira grande venda fora da China. A empresa BTR New Energy Materials adquiriu 10 mil toneladas de grafite natural, destinadas à construção de uma fábrica de baterias na Indonésia, avaliada em 478 milhões de dólares, cuja produção deverá iniciar em 2024.
Além disso, a Syrah investe na construção de uma unidade nos Estados Unidos, em Vidalia, para processamento de grafite moçambicano, consolidando o papel do país na cadeia de fornecimento global de baterias.
A forte queda na produção de grafite em Moçambique destaca os desafios estruturais e externos enfrentados pelo sector, incluindo conflitos locais, concorrência internacional e instabilidade política. No entanto, as iniciativas para diversificar mercados e atrair investimentos para infraestruturas de valor acrescentado oferecem perspectivas de recuperação e fortalecimento do sector a médio e longo prazo.
Dados da Produção e Exportação de Grafite em Moçambique
- Produção Jan-Set 2024: 34.899 toneladas (11% da meta anual).
- Produção Jan-Set 2023: 77.728 toneladas.
- Meta para 2024: 329.040 toneladas.
- Destinos Recentes: Indonésia (10 mil toneladas para BTR New Energy Materials).
Desafios: Protestos locais, impacto da grafite sintética e instabilidade política.
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