
Shoprite está a recuar
A retalhista já encerrou lojas em oito países africanos
Analistas interrogam-se sobre o que deu errado com a expansão da maior retalhista de na sua tentativa de construir uma operação a nível continental
Há duas décadas, a Shoprite Holdings Ltd exibiu um plano ambicioso de expandir para além da sua base na África do Sul e, nos anos seguintes, a empresa alcançou uma dúzia de países ao norte da fronteira. Sul africana Nesse processo, a Shoprite tornou-se a maior grossista do continente ao atacar países com mercados de rápido crescimento populacional, mas com retalho menos formal. Os investidores adoraram a ideia, confiantes de que economias em desenvolvimento iriam estimular a demanda do pão, Champanhe e um pouco de tudo. A Shoprite pareceu-lhes o veículo ideal para o seu optimismo, dado que esta tinha superado concorrentes na África do Sul e provado a sua aptidão para vender suprimentos básicos, utensílios domésticos, farmacêuticos e artigos de luxo.
Hoje, a Shoprite recuou para a África do Sul e proximidades depois de encerrar as suas operações em oito países ao norte. Em Setembro, esta disse que havia encerrado as operações em Madagáscar e Uganda e, no ano passado, esta deixou a Nigéria –onde esta outrora afirmara ter tantos armazéns quanto na África do Sul – e Quénia. As operações tiveram dificuldades em encontrar boas propriedades, altos custos de realocação de gerentes, e infraestruturas subpartes. A instabilidade da moeda e cortes do câmbio estrangeiro, por sua vez, tornaram difícil a repartição dos ganhos. “A verdade crua é que, quanto mais a Shoprite ia além África do Sul, menos lucrativa, mais complexa e mais difícil ela se tornava”, disse Syd Vinello, um analista independente em Joanesburgo. “Cada mercado tem suas peculiaridades.”, frisou Vinello.
Outras retalhistas sul africanas como a Woolworths Holdings, a Truworths International e a Mr. Price Group têm passado por cortes de capital e restrições de importação que impedem as suas operações pan-africanas. Esses recuos, juntamente com o eixo da Shoprite contam uma estória cautelosa para os gostos da Walmart Inc. e France’s Carrefour SA que olham para a África para o seu crescimento. A Walmart esperava que o seu subsidiário da África do Sul, a Massmart Holdings Ltd., prestasse apoio numa zona de crescimento rápido, mas está a mudar o seu foco para a África do Sul e países adjacentes. A Carrefour, por sua vez, diz que almeja continuar a crescer no Este e no Oeste da África. “Do ponto de vista do crescimento de negócios, algumas retalhistas acreditam que o que há a fazer é simplesmente fazer a África funcionar”, disse Alec Abraham, um analista da Sasfin Securities em Joanesburgo.
O elemento-chave da estratégia da Shoprite foi a Nigéria e teve um começo forte. Em 2005 esta abriu o supermercado num centro comercial em Lagos, a maior cidade do país mais populoso da África e, em uma década teve uma dúzia de lojas, com alta concentração de locais abastados e expatriados –e uma economia sustentada por preços de petróleo quase recorde- os canais de Lagos poderiam vender bens caros tais como: bifes ressecados e vinho importado, e queijo, ajudando a sustentar lucros moderados, mas a Shoprite caiu quando expandiu algures no país onde os salários eram mais baixos e a maioria dos consumidores podia comprar um pouco mais que arroz e mandioca. Compondo o problema, a maior parte de sua renda foi em dólares americanos, mas os seus consumidores pagavam com a depreciável moeda local.
No Quénia e na Nigéria, a venda de comida é dominada pelas menores concorrentes locais, lojas da vizinhança e barracas de rua. Enquanto a Shoprite pode superá-las no preço, a conveniência de comprar localmente, frequentemente, soou vantajosa. Em Angola, as desgraças da Shoprite têm sido aliadas à natureza instável da economia dependente das exportações do petróleo, onde gastar energia sempre colapsa o preço do produto bruto. “Este tipo de volatilidade traz riscos, principalmente quando moedas em queda dificultam a retirada de dividendos”, disse Evan Walker, um gestor da 36ONE Asset Management Ltd. em Joanesburgo.
A redução da complexidade de suas operações no exterior ajudou a impulsionar os lucros da dos negócios da Shoprite para 439 milhões de rands (25 milhões de dólares) no ano fiscal que terminou em Julho, contra uma perda de 37 milhões de rands em 2019 e, embora a empresa não vá ser tão rápida em fazer mais progresso no exterior, ainda não eliminou o seu plano ambicioso de criar uma rede de armazéns a nível continental. A estratégia poderia mudar se “nós víssemos estes mercados a mudar ou desenvolver e se oportunidades aparecessem”, disse o CEO ,Pieter Engelbrecht, 6 de Setembro, quando anunciava a realização da mais recente retirada.
Se a Shoprite não rever os seus planos de expansão, esta deve estar preparada para gastar muito dinheiro no mercado que for a escolher, disse Atiyyah Vawda, Diretora executiva da Avior Capital Markets em Joanesburgo.