
M-Pesa: A Revolução financeira que impulsiona e transforma economias africanas
Nos últimos anos, África tem sido o palco de uma revolução discreta, mas profunda, no sector financeiro. À cabeça desta transformação está o M-Pesa, uma plataforma de pagamentos móveis que tem alterado a forma como milhões de africanos acedem e utilizam serviços financeiros. Com mais de 60 milhões de utilizadores em oito países e com transacções diárias que ascendem a 15 mil milhões de dólares, o M-Pesa tornou-se numa peça fulcral no crescimento económico das pequenas e médias empresas (PMEs) e no alargamento da inclusão financeira no continente.
Numa recente entrevista exclusiva ao “Semanário Económico”, Sitoyo Lopokoiyiti, Director-Executivo da M-Pesa África, explica que o objectivo inicial da plataforma era simples, mas ambicioso: “Resolver um problema real no continente africano”, com o foco em facilitar transferências de dinheiro entre zonas urbanas e rurais. Lançada em 2007, no Quénia, a plataforma foi pioneira ao permitir que as populações urbanas enviassem fundos para familiares em zonas rurais. Com o passar do tempo, o M-Pesa expandiu-se, oferecendo serviços como pagamentos de contas e transferências internacionais, evoluindo para um ecossistema financeiro completo.
Hoje, o M-Pesa não é apenas um serviço de transacções financeiras, mas sim um facilitador do crescimento económico. Sitoyo sublinha que “a velocidade das transacções e a facilidade de acesso ao microcrédito têm permitido às PMEs crescer, criar emprego e fomentar o desenvolvimento”. Este impacto é notório, especialmente em países como Moçambique, onde a inclusão financeira, com o apoio da plataforma, cresceu de cerca de 20% para perto de 50% da população.
O papel crucial do M-Pesa no desenvolvimento das PMEs
As PMEs representam o motor económico de muitos países africanos. Segundo o Banco Mundial, 70% dos empregos em África são gerados por pequenas e médias empresas. Para estas empresas, o M-Pesa oferece uma solução eficiente para gerir fluxos de caixa, facilitando pagamentos rápidos e seguros. Sitoyo Lopokoiyiti realça que, ao permitir o acesso ao microcrédito através da plataforma, o M-Pesa oferece a possibilidade de as PMEs financiarem o seu crescimento, aumentando a produtividade e a criação de empregos.
O impacto da M-Pesa, contudo, vai além das empresas. O empoderamento económico das mulheres é outro exemplo notável. Historicamente excluídas das actividades comerciais formais, muitas mulheres africanas passaram a gerir as suas finanças e negócios com a ajuda da plataforma. “Com um telemóvel e o M-Pesa, qualquer pessoa, independentemente do género, pode realizar transacções comerciais”, afirma Sitoyo. Estudos da Universidade de Georgetown revelam que o M-Pesa teve um impacto significativo na vida das mulheres, proporcionando-lhes maior controlo sobre os seus recursos e estimulando o crescimento económico das suas comunidades.
O Futuro da inclusão financeira em Moçambique
Em Moçambique, o M-Pesa desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão financeira. Desde a sua introdução no País, a plataforma ajudou a aumentar a taxa de inclusão financeira, mas Sitoyo acredita que o potencial de crescimento é muito maior. “Moçambique tem uma oportunidade de crescimento ainda mais vasta do que o Quénia, onde a adopção já está bastante consolidada,” afirma.
O executivo está optimista quanto ao futuro do mercado moçambicano, impulsionado pela colaboração entre o M-Pesa e startups locais, lideradas por jovens inovadores. Sitoyo sublinha que “o futuro da inovação financeira em Moçambique está nas mãos dos jovens,” e que há uma oportunidade única para Moçambique se afirmar como um exemplo de sucesso na digitalização financeira em África.
Comentando sobre os desenvolvimentos do mercado finanaceiro moçambicano, Sitoyo menciona a integração do M-Pesa com a plataforma SIMO, do Banco de Moçambique, facto que, tal como diz, traz novas oportunidades para o desenvolvimento de produtos e serviços financeiros. A interoperabilidade entre diferentes sistemas e a expansão de soluções financeiras móveis são vistas como cruciais para atingir níveis de inclusão financeira de 70% ou mais.
Há margem para continuar a crescer, mas atenção aos desafios
Apesar dos sucessos alcançados, a M-Pesa enfrenta desafios em África, particularmente no que toca à adopção de smartphones. A penetração de telemóveis no continente ainda é baixa, rondando entre os 30% e 35%, e o elevado custo dos dispositivos é uma barreira significativa ao alargamento da inclusão financeira. “Para acelerar a adopção de serviços financeiros móveis, o custo dos telemóveis precisa de cair para os 10 ou 15 dólares,” reconhece Sitoyo.
Outro desafio que Sitoyo destaca é a segurança cibernética. Com o aumento da adopção de serviços financeiros digitais, a M-Pesa tem investido consideravelmente na protecção dos dados dos seus utilizadores e na mitigação de fraudes financeiras. “A protecção de dados é uma prioridade absoluta para nós,”** salienta o Director-Executivo.
À medida que a digitalização avança, particularmente em Moçambique, a M-Pesa está bem posicionada para continuar a ser um pilar fundamental para o crescimento da inclusão financeira e, consequentemente do crescimento económico inclusivo e sustentável económico sustentável. “A inovação não vem apenas da minha equipa, mas da própria comunidade, que tem mostrado uma incrível criatividade no uso da plataforma,” conclui Sitoyo, expressando o compromisso contínuo da empresa em apoiar o progresso económico e social das comunidades africanas.
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