
CTA Defende Aceleração da Recuperação Económica e Alerta para Riscos Externos e Desafios Estruturais
- Agostinho Vuma aponta melhoria do ambiente macroeconómico, mas destaca persistência de fragilidades no crédito, nas divisas e na confiança empresarial
Na sua intervenção durante o Economic Briefing de Abril de 2025, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, traçou um retrato de ligeira recuperação da actividade económica, impulsionada por estabilidade macroeconómica e medidas recentes de apoio às MPMEs, mas alertou para riscos internos e externos que ainda ameaçam a confiança dos investidores e a robustez do tecido empresarial.
O primeiro trimestre de 2025 registou uma subida ligeira no Índice de Ambiente Macroeconómico, que passou de 50% no final de 2024 para 51%, enquanto a inflação se manteve estável em torno de 3,34% e o metical mostrou resiliência cambial.
Segundo a CTA, esta melhoria foi sustentada por factores como a restauração da estabilidade sócio-política após as manifestações pós-eleitorais, o aumento da mobilidade devido à normalização do tráfego rodoviário e uma redução média de 2,7% no preço dos combustíveis.
Ambiente empresarial ainda frágil
Apesar das melhorias pontuais, o Índice de Robustez Empresarial situou-se em apenas 26%, revelando a fragilidade persistente das empresas nacionais. A CTA destaca o aumento do custo de insumos agrícolas, dificuldades logísticas no sector dos transportes, e constrangimentos na obtenção de divisas, como factores que minaram a competitividade durante o trimestre.
No mercado de trabalho, o índice de tendências de emprego melhorou, com o índice de disposição para contratar a subir de 14,4% para 18,96%, mas o ambiente continua marcado por baixa procura agregada e incertezas macroeconómicas.
Medidas e instrumentos de resposta
A CTA destacou positivamente medidas recentes do Governo e do Banco de Moçambique, como a redução da taxa MIMO para 11,75% e a criação de mecanismos de alívio da crise cambial. Realce ainda para duas iniciativas estruturantes:
- Fundo de Recuperação Económica (FRE): com uma dotação inicial de 319,5 milhões de meticais, para apoiar MPMEs e sectores produtivos.
- Fundo de Desenvolvimento Local (FDL): orçado em mais de 1 mil milhão de dólares, com foco no financiamento de projectos empreendedores liderados por jovens e na descentralização económica.
A CTA sublinha, no entanto, a necessidade de rápida e responsável operacionalização destes fundos, de modo a que se traduzam em impacto efectivo na recuperação e dinamização da economia real.
Risco cambial, importações e conteúdo local
Agostinho Vuma defendeu que o Estado deve orientar as suas aquisições de bens e serviços para fornecedores nacionais, recordando que o Governo gasta anualmente mais de 500 milhões de dólares em compras públicas, grande parte das quais são importadas — o que pressiona a balança de pagamentos e contribui para a escassez de divisas.
O apelo à substituição competitiva de importações e à promoção de políticas industriais activas foi central no discurso da CTA, como forma de fortalecer a integração produtiva e o conteúdo local.
Contexto externo desafiante
No plano internacional, a CTA alerta para os efeitos da guerra comercial entre EUA e China, cujas tarifas bilaterais — de até 145% pelos EUA e 125% pela China — estão a desacelerar o comércio mundial e a aumentar os preços de importação.
Segundo o FMI, o crescimento da economia mundial foi revisto em baixa para 2,8% em 2025, e a OMC antecipa uma retracção de 0,2% no comércio internacional. Estes efeitos podem impactar Moçambique, particularmente através da volatilidade dos preços das commodities (gás, carvão) e da incerteza em torno do AGOA e do financiamento externo.
A suspensão do Millennium Challenge Account (MCA) e o encerramento da missão da USAID representam perdas directas de cerca de 1,1 mil milhões de dólares em financiamento para projectos rurais e estruturantes — sobretudo na Zambézia — afectando pequenas e médias empresas em sectores como transporte, irrigação e acesso à energia.
Apelo à resiliência nacional
A concluir, Agostinho Vuma reiterou que, apesar dos riscos, Moçambique pode afirmar-se como destino de investimento e turismo competitivo, desde que haja estabilidade política, governação económica previsível e políticas públicas orientadas à promoção do sector privado.
A CTA reafirmou o seu compromisso com o diálogo público-privado e a sua missão de contribuir para um ambiente de negócios mais robusto, coeso e favorável ao crescimento sustentável.
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