
AfCFTA Pode Impulsionar Exportações Africanas em 560 Mil Milhões de Dólares e Aumentar Rendimento Continental em 450 Mil Milhões Até 2035
Questões-Chave:
- A plena implementação do AfCFTA pode aumentar as exportações intra-africanas em até 560 mil milhões de dólares até 2035;
- O rendimento continental poderá crescer em 450 mil milhões de dólares com o avanço da integração regional;
- O AfCFTA tem potencial para reduzir a dependência de cadeias de valor globais e mitigar os impactos de guerras comerciais externas;
- A integração poderá promover industrialização, criação de empregos e desenvolvimento de cadeias de valor regionais;
- O BAD recomenda políticas industriais estratégicas e reforço da coordenação entre países para acelerar benefícios.
O Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA) é apontado pelo Banco Africano de Desenvolvimento como uma das ferramentas mais poderosas para reconfigurar as economias do continente, aumentar a resiliência aos choques externos e potenciar o crescimento económico sustentável. A sua implementação plena poderá alterar estruturalmente o lugar de África na economia mundial.
Num contexto de crescentes tensões comerciais globais e fragilização das cadeias de fornecimento internacionais, o relatório African Economic Outlook 2025 defende que o AfCFTA pode representar uma mudança de paradigma para as economias africanas.
Segundo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a plena operacionalização do acordo poderá aumentar as exportações africanas em 560 mil milhões de dólares até 2035 e adicionar 450 mil milhões de dólares ao rendimento total do continente, através da remoção de barreiras comerciais, fomento da industrialização e criação de cadeias de valor regionais.
A integração continental é vista como um mecanismo estruturante para mitigar os riscos de guerras comerciais internacionais, como os efeitos das novas tarifas impostas pelos EUA e pela China, que afectam indirectamente o comércio africano. Ao expandir os mercados internos, África pode reduzir a sua exposição a choques exógenos e consolidar um modelo de crescimento baseado no comércio intra-africano.
Industrialização e Valor Acrescentado Local
O AfCFTA representa uma oportunidade única para acelerar a industrialização no continente. Ao promover a procura de produtos transformados dentro da região, o acordo poderá:
- Incentivar ligações entre grandes empresas e PME’s locais;
- Estimular a produção com base nas vantagens comparativas e competitivas;
- Criar milhões de empregos em sectores como a agricultura transformada, indústria ligeira e manufactura pesada.
O relatório salienta ainda que políticas de conteúdo local, preferência de contratação pública e franchising regional devem ser adoptadas em paralelo, de modo a garantir que os ganhos do comércio e da produção sejam retidos e redistribuídos dentro das economias africanas.
Recomendações para uma Implementação Eficaz
O BAD apela a uma acção concertada entre os Estados membros da União Africana para ultrapassar os principais obstáculos à plena realização do AfCFTA:
- Harmonização de regras técnicas, sanitárias e fiscais;
- Melhoria da infra-estrutura logística e aduaneira;
- Financiamento coordenado de projectos regionais;
- Criação de mecanismos de salvaguarda para sectores mais vulneráveis.
Para o BAD, o AfCFTA deverá ser mais do que um acordo de comércio: deverá ser um instrumento de transformação estrutural e soberania económica, num momento em que o contexto internacional se torna cada vez mais instável.
Conclusão:
O futuro económico de África poderá depender da capacidade de transformar este acordo numa realidade efectiva. “A plena implementação do AfCFTA colocará África numa posição mais robusta para enfrentar as tensões comerciais globais e conduzir as suas economias à competitividade internacional”, conclui o relatório. Para tal, será necessário mais do que boa vontade política: exigirá visão estratégica, coordenação intergovernamental e reformas nacionais sincronizadas.
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