
BVM NÃO VAI DESISTIR DAS PME’S
Não obstante a persistência de constrangimentos de natureza oportunista, cultural, técnica e financeira, a BVM vai intensificar a sua comunicação com o tecido empresarial moçambicano, sobretudo, os de pequena e média dimensão, com a finalidade de elucidar sobre os benefícios e vantagens da BVM como instrumento vital para a promover a poupança, financiamento e investimento.
Estudos efectuados quer pela Bolsa de Valores de Moçambique, BVM, quer por outras entidades independentes, apontam, fundamentalmente, quatro razões por detrás da não aderência do tecido empresarial moçambicano ao mercado de capitais, designadamente: (1) as razões de oportunidade, pelo facto de os empresários disporem de recursos próprios e, por conseguinte, prescindirem do financiamento ou usarem outras fontes de financiamento; (2) as razões culturais, devido ao facto de no processo de financiamento, que implica a dispersão das acções, os empresários recearem perder o controlo da empresa, associada ainda, nesta razão cultural, ao facto não quererem prestar informação ao mercado com receio de estarem a fornecer informação priviligiada à concorrência; (3) razões técnicas, que se manifestam pela obrigatoriedade de as empresas se constituírem em sociedades anónimas para serem cotadas em bolsa, nesta razão destacam-se ainda o facto de muitas empresas que não terem contabilidade organizada nem contas auditadas; e, (4) razões financeiras, devido aos custos envolvidos no processo de cotação na Bolsa, custos pelos intermediários financeiros no processo de cotação, custos de manutenção.
A este propósito, Salim Valá, falando recentemente aos empresários da zona centro do país, no decurso do Economic Briefing da CTA, frisou que apesar de haverem custos, eles são suplantados pelos benefícios e vantagens do mercado de capitais e de estar inserido numa Bolsa de Valores.
Mesmo em contexto adverso, os resultados foram bons…
– Volume de negócios cresceu 148%, mas BVM reconhece que financiamento ao sector privado está muito abaixo do potencial.
Dos 3.500 milhões de dólares, só cerca de 20% é que foi financiamento aos empresários. O PCA da BVM referiu que embora o desempenho da Bolsa de Valores no 1º Trimestre de 2022 não tenha sido ao nível do que se previa no planeamento de médio prazo, este registou uma evolução positiva nos seus principais indicadores bolsistas.
Com efeito, face ao período homólogo de 2021, volume de negócios aumentou em 148%, o índice de liquidez em 115,2%, o financiamento à economia em 24,6%, os títulos registados na Central de Valores Mobiliários em 15,1%, a capitalização bolsista e o seu rácio sobre o PIB Real tiveram crescimento similar de 8,1%. O mercado de capitais e, em particular, a Bolsa de Valores, sublinha Salim Valá, não foram imunes aos choques económicos dos últimos anos, mas “aguentaram as consequências económicas negativas decorrentes da pandemia da COVID-19, denotando resiliência ao conseguirem manter uma evolução positiva nos mais importantes indicadores do mercado bolsista”.
Apesar do financiamento à economia ter aumentado 24,6%, o Presidente da BVM não se dá por satisfeito. Valá considera que o financiamento ao sector privado está abaixo do seu verdadeiro potencial.
Com efeito, e à semelhança do que ocorre na generalidade do sistema financeiro, o processo de mobilização e alocação de recursos no mercado de capitais tem tendencialmente atribuído preferência ao sector público em detrimento do sector privado. Por exemplo, apesar de a Bolsa de Valores ter financiado a economia em mais de 44,6 mil milhões de Meticais em 2021, apenas 17,1% (7,6 mil milhões de Meticais) foram canalizados ao sector privado.
Salim Valá referiu que a capitalização bolsista e o seu rácio face ao PIB, o volume de negócios, o índice de liquidez, o volume de financiamento à economia, o número de títulos e titulares registados na CVM, todos eles evoluíram positivamente, em relação ao período homólogo de 2020 e 2021, mormente as dificuldades que a economia do País atravessa, mostrando uma boa resiliência do mercado de capitais e da Bolsa de Valores face aos efeitos da pandemia da COVID-19 e da instabilidade em alguns distritos de Cabo Delgado. Em particular, o crescimento do índice de liquidez foi muito positivo (+115,2%) por força do maior crescimento do volume de negócios (+148,0%). (OE)
















