
Macadâmia, o ouro verde do Niassa
A província está a testemunhar investimentos expressivos no fomento desta cultura de elevado valor comercial.
A produção da noz ainda é pequena no país, mas vem crescendo em razão da demanda internacional acrescida das propícias condições agroecológicas que a província apresenta e vem garantindo aos produtores locais, mas também de Manica, uma óptima rentabilidade.
Considerada a noz mais cara do mundo a macadâmia, seu preço justifica-se pelo grande número de propriedades úteis, sabor agradável, condições de recolha limitadas, o custo do quilo de nozes sem casca no mercado europeu é de cerca de US $ 150. Não é apenas comido, mas também amplamente utilizado em cosmetologia. São esses os principais argumentos que fazem da Macadâmia, no mercado internacional, ser uma das amêndoas mais valorizadas, pelas suas características peculiares, ou seja, sabor, nutrientes e funcionalidade, tanto para o consumo “in natura”.
Durante décadas os Australianos dominaram a produção mundial de macadâmia. Porém, a partir de 2016, a África do Sul passou a ser o maior produtor (Tabela 1) e exportador mundial da noz. Juntos, esses dois países representam mais da metade da produção mundial de macadâmia na actualidade.

Entretanto, novos plantios e outros países foram feitos nos últimos anos, observando-se uma expansão na produção em outros países, com destaque para a China, que realizou avultados investimentos em novas áreas, e que, em poucos anos estará nos mesmos patamares de produção da África do Sul e Austrália. Nota-se que, em 2015, a China já possuía a maior área plantada, com 75.000 há, sendo que a perspectiva para 2020 é que o país já ocuparia a 3ª posição de país produtor a escala mundial. O Quênia, com a mesma área cultivada que a Austrália, em 2015, porém com lavouras mais jovens, também apresenta boas expectativas de crescimento nas produções vindouras.
É para esse clube que a produção moçambicana da macadâmia espreita entrar.
O projecto Niassa Macadâmia, tem estado a se notabilizar na cultura da Macadâmia no país, explorando uma área de 1300 hectares, dos quais 14 hectares já estão a produzir sob os cuidados de 200 pequenos farmeiros locais com contratos de prestação de serviços.
A Província do Niassa acalenta vir a ser, a médio prazo, a maior produtora nacional da macadâmia
O projecto “Niassa Macadâmia” encontra-se no processo de angariação de capital de mais ou menos, 760 milhões de meticais (12 milhões de dólares) para a sua expansão, que comportará a implantação da primeira fábrica de processamento da macadâmia em Moçambique, e já tem mercado garantido, sendo os Estados Unidos de América, a China e a Europa os destinos programados, sendo que cerca de 50% da produção do empreendimento será exportada para o mercado chinês, que é o maior consumidor da macadâmia do mundo.
O projecto “Niassa Macadâmia” conta com o envolvimento de pequenos agricultores, cada um com uma área de cultivo de dez hectares, o que vai permitir muitas famílias ganharem conhecimentos técnicos na área da agricultura, possibilitando que, em oito anos, o rendimento de cada uma delas atinja um valor superior a um milhão de meticais por ano.
“Temos a maior área plantada de Macadâmia em Moçambique. Logo que o financiamento começar a fluir, o projecto vai-se desenvolver com maior rapidez. Isso poderá ocorrer entre 2024 e 2025 porque, nessa altura, vamos realizar vendas, cujas receitas serão reinvestidas nas comunidades que prestam serviços à Niassa Macadâmia”, disse Izak Holtzhausen, co-fundador da empresa Niassa Macadâmia.
Estima-se que o projecto produza aproximadamente 20 mil toneladas anuais a partir de 2035, com perspectivas para colocar Moçambique no top 3 dos melhores países africanos produtores da macadâmia, nos próximos dez anos.