
Moçambique Busca Estratégia Nacional Para Integrar a Biodiversidade no Desenvolvimento Agrário Sustentável
Questões-Chave:
- Expansão agrícola é apontada como principal causa da perda de biodiversidade e do conflito homem-fauna bravia;
- Relatório do projecto FARSYMABI propõe soluções contextualizadas e inclusivas para conciliar conservação e desenvolvimento;
- Valorização económica da biodiversidade é insuficiente, agravando a pobreza rural;
- Governo aposta numa revisão da estratégia nacional de conservação com base científica e enfoque territorial.
Moçambique deu esta semana mais um passo na construção de uma estratégia nacional que integre a biodiversidade como eixo central do desenvolvimento agrário e rural sustentável. O foco está na harmonização entre produção agrícola, conservação dos ecossistemas e bem-estar das comunidades, num contexto de crescente pressão sobre os recursos naturais.
A expansão da fronteira agrícola continua a ser uma das principais causas da degradação da biodiversidade e da intensificação do conflito entre comunidades humanas e fauna bravia. Esta é uma das conclusões do relatório do projecto FARSYMABI, apresentado esta quarta-feira em Maputo, desenvolvido pelo Observatório do Meio Rural (OMR) em parceria com universidades nacionais e internacionais.
De acordo com Mariam Abbas, investigadora do OMR, o estudo revelou que as regiões com maior potencial agrícola coincidem com zonas de maior densidade populacional, onde a pressão sobre os recursos é mais intensa. Essa sobreposição gera uma tensão estrutural entre conservação e subsistência, exigindo soluções que respeitem os contextos ecológicos e socioeconómicos locais.
“Não é possível conservar sem desenvolvimento, mas também não é possível integrar biodiversidade sem compreender o contexto socio-climático e ecológico de cada localidade”, sublinhou Abbas.
O relatório destaca ainda a ausência de mecanismos económicos que valorizem a biodiversidade, o que desincentiva práticas agrícolas sustentáveis e aprofunda a pobreza rural. A falta de alternativas económicas para as comunidades adjacentes às áreas de conservação é apontada como factor que perpetua a exploração ilegal dos recursos e mina os esforços de protecção.
“Se não criarmos condições reais para o desenvolvimento das comunidades, a biodiversidade continuará ameaçada. Não basta delimitar áreas — é preciso gerar oportunidades económicas para quem vive nelas ou junto a elas”, afirmou a investigadora.
Do ponto de vista institucional, o Secretário de Estado da Agricultura, Pescas e Ambiente, Gustavo Dgedge, defende que a integração da biodiversidade no planeamento agrário não é apenas uma questão ambiental, mas uma estratégia de desenvolvimento equitativo e sustentável.
“O projecto permitiu identificar lacunas na actual estratégia de conservação da biodiversidade. Esses dados irão alimentar o processo de revisão e permitirão adoptar uma abordagem mais coerente com as realidades do terreno”, declarou Dgedge.
A experiência do projecto FARSYMABI é complementada por outras iniciativas como o maneio sustentável da floresta do Miombo e experiências comunitárias apresentadas na Conferência Regional sobre o tema, que demonstram que é possível compatibilizar agricultura com conservação, desde que se envolvam activamente os actores locais, incluindo o sector privado.
O relatório apela à acção coordenada de múltiplos actores — Governo, comunidades, sector privado e academia — e à adopção de compromissos voluntários com metas claras, como caminho para um futuro rural mais resiliente e ambientalmente equilibrado.
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