
- Malawi passa a importar açúcar produzido em Moçambique para atender à crise que se instalou no País.
Para o efeito, o Ministério da Indústria e Comércio do Malawi acaba de emitir 20 licenças para as empresas locais importarem o açúcar de Moçambique, Zimbabwe, África do Sul e Brasil.
A liberalização do mercado do açúcar no Malawi surge numa altura em que as duas empresas locais de produção deste produto baixaram a sua capacidade face à alguns desafios impostos à sua cadeia de produção devido às mudanças climáticas.
O Malawi está, desde Janeiro, com uma crise acentuada da falta de açúcar no mercado nacional.
Segundo a Rádio Moçambique, a situação ditou o açambarcamento do açúcar e posterior especulação de preços, onde um quilograma disparou dos antigos 1700 kwachas (cerca de 1 dólar norte-americano para 3.000 kwachas (cerca de 1.80 dólar), o que criou revolta dos consumidores.
Portanto, o Governo através do Ministério da Indústria e Comércio viu-se obrigado a liberalizar o mercado, como forma de aumentar a oferta e reduzir o preço do produto ao consumidor.
Mesmo em meio à contestação das duas empresas de produção do açúcar, que detinham o monopólio do mercado, o ministro da Indústria e Comércio, Sosten Gwengwe, afirma que o governo não vai alterar a sua decisão para imprimir maior competitividade comercial.
Até ao momento, o governo mandou encerrar sete estabelecimentos comerciais por sobrefacturação do preço do açúcar.
Para o Director executivo da Associação dos Consumidores do Malawi, John Kapito, a decisão do governo é bem-vinda e louvável, pois a monopolização do mercado era um autêntico calvário para o povo.
Em Moçambique a oportunidade chega num momento em que a indústria se ressente também dos efeitos das mudanças climáticas e os desafios ligados a infra-estruturas são vários.
A título de exemplo, a açucareira da Maragra só poderá retomar a produção em pleno em 2026, tendo para o efeito iniciado, recentemente, a reabilitação das áreas afectadas pelas inundações verificadas em princípios do ano passado, cujas necessidades alcançam os 100 milhões de dólares.
A estimativa é que a paralisação daquela empresa afectou cerca de cinco mil trabalhadores, incluindo permanentes e sazonais.
Em 2021, Moçambique passou para a categoria de exportador de açúcar.
O país que já alcançou a auto-suficiência na produção de açúcar refinado, exporta para países como Itália, Espanha e demais da Europa.
Um estudo apresentado pelo Banco de Moçambique em 2022, ““Desafios e Oportunidades da Indústria Açucareira em Moçambique: O Caso da Província de Sofala”, constatou que não obstante as medidas proteccionistas e os incentivos atribuídos, a indústria açucareira ainda está a operar muito abaixo do seu potencial, e a produção actual do açúcar tende a reduzir.
Nota-se, “a produção total do açúcar nos últimos cinco anos atingiu o máximo de 415 mil toneladas em 2019, tendo a cifra recuado para cerca de 270 mil toneladas em 2021, reduzindo, igualmente, a sua contribuição no emprego, no produto interno bruto e na arrecadação de divisas”.
Ainda sobre o impacto da redução da produção do açúcar no emprego, dos cerca de 30 mil trabalhadores que estavam empregados em 2013, registou-se uma redução para quase metade em 2021.
“Adicionalmente, o peso do açúcar na indústria transformadora baixou de 11 por cento em 2013 para apenas 2 por cento em 2021, enquanto as receitas de exportação declinaram de cerca de US$ 156 milhões para cerca de US$ 40 milhões, no mesmo período”. Revela o estudo.
Entretanto, um fundo de investidores norte-americanos manifestou a pretensão de adquirir este ano a Tongaat Hulett Moçambique, empresa que opera as fábricas de açúcar de Xinavane, província de Maputo e de Mafambisse, em Sofala.
Para o efeito, a Lusitania, gestora do fundo, avançou ter preparado US$ 350 milhões, através do Fundo para o Desenvolvimento Sustentável da Indústria Açucareira em África (PSID, na sigla inglesa) para viabilizar o negócio.
A pretensão era de avançar com até 220 milhões para a aquisição da empresa responsável por grande parte da produção do açúcar no país, cerca de 60 milhões para o pagamento de dívidas e o remanescente para o desenvolvimento dos campos.
Luís Revés, representante do FSID e Lusitania detalhou no ano passado que o interesse na empresa não é novo, tendo já sido manifestado aos actuais proprietários da destacada produtora de açúcar, há dois anos.
Explicou que o maior interesse dos norte-americanos é tirar proveito do potencial de produção açucareira no país, transformando-o numa indústria de dimensão mais expressiva e com maior impacto social.
Enfatizou que existe a pretensão de promover culturas de alto valor e aumentar o valor patrimonial da indústria, através da criação, consolidação e expansão da sua presença no mercado.
O FSID foi criado pela empresa norte-americana de capital privado, Lusitania para apostar em parcerias estratégicas com o objectivo de incentivar a inovação na indústria açucareira e criar oportunidades de investimento que complementem e fortaleçam a cadeia de valor.
Neste sentido, sublinhou que a expectativa dos investidores é selar o negócio até Janeiro do próximo ano, cabendo, portanto, a decisão final aos proprietários da empresa, por sinal sul-africanos.
Em caso de inviabilização do negócio, o FSID está disposto a apostar noutras empresas, sendo a Açucareira da Maragra uma das hipóteses.
A Tongaat Hulett tem origem na África do Sul, estando presente na Comunidade para A o Desenvolvimento da África Austral, com especialização no agro-negócio. Possui igualmente um potencial para a produção e comercialização do açúcar. Em Moçambique, existem duas operações com capacidade de moagem combinada superior a 340 mil toneladas de açúcar por ano.
Há Sinais de Nova Contração no Sector Privado: PMI Cai para 49,4
3 de Outubro, 2025PRECE: Riscos e Vulnerabilidades de um Plano Ambicioso
29 de Setembro, 2025PESOE 2026: Governo Aposta na Consolidação Fiscal e na Estabilidade da Dívida
29 de Setembro, 2025
Mais notícias
-
Novo Programa Estratégico de cooperação com um incremento de 50 milhões de Euros
3 de Setembro, 2022 -
Preço da castanha cai dois meticais
3 de Outubro, 2023
Conecte-se a Nós
Economia Global
Mais Vistos
Sobre Nós
O Económico assegura a sua eficácia mediante a consolidação de uma marca única e distinta, cujo valor é a sua capacidade de gerar e disseminar conteúdos informativos e formativos de especialidade económica em termos tais que estes se traduzem em mais-valias para quem recebe, acompanha e absorve as informações veiculadas nos diferentes meios do projecto. Portanto, o Económico apresenta valências importantes para os objectivos institucionais e de negócios das empresas.
últimas notícias
Mais Acessados
-
Economia Informal: um problema ou uma solução?
16 de Agosto, 2019 -
LAM REDUZ PREÇO DE PASSAGENS EM 30%
25 de Maio, 2023